Os Estados Unidos (EUA) avaliam cancelar o visto de Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Exército Brasileiro. A possibilidade começou a ser debatida porque, segundo o governo de Donald Trump, o general teria sido escolhido para o cargo por Alexandre de Moraes e asseguraria o apoio da alta cúpula militar às decisões do ministro no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Departamento de Estado americano identificou um histórico de encontros entre Alexandre de Moraes e o general Tomás. A Casa Branca afirma que as decisões do magistrado, incluindo aquelas que afetam militares, foram tomadas após coordenação prévia com o comandante do Exército Brasileiro.
A iniciativa dos EUA contra o general brasileiro vai intensificar as tensões diplomáticas entre os governos de Lula e Trump, com risco de comprometer parcerias militares em andamento.
A revogação do visto do general Tomás está sendo considerada como parte de um novo conjunto de sanções, que também abrange membros da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Na segunda-feira (22/9), os EUA cancelaram os vistos de sete autoridades brasileiras.
Questionado, o comandante do Exército Brasileiro optou por não comentar. Generais próximos a Tomás consideraram que uma ação dos EUA contra o militar seria um “tiro no pé” e poderia prejudicar os canais de diálogo.
Um representante do governo Trump, avaliou que é improvável que novas sanções mudem a posição do presidente Lula ou de ministros do STF, mas enfatizou que, mesmo assim, mais medidas punitivas serão implementadas.
Conversa entre militares
O general Tomás é mencionado em uma troca de mensagens entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o advogado Eduardo Kuntz, que defende um militar investigado na ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.
Na conversa via direct no Instagram, Cid relata que o comandante do Exército Brasileiro revelou ao seu pai, o general Lourena Cid, que Moraes teria expressado insatisfação com Bolsonaro.
A mensagem de Mauro Cid diz: “Ele [Alexandre de Moraes] acha que o PR [ex-presidente da República Jair Bolsonaro] acabou com a vida dele… (CMT EB [general Tomás] que conversou com ele e passou para o meu pai)”.
Generais se mobilizam sobre risco de EUA tirar visto do comandante do Exército
Após os Estados Unidos informar que estudam revogar o visto do comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, o adido militar brasileiro em Washington, general Maurício Vieira Gama, e o representante do Brasil no US Southern Command, general Flávio Moreira Matias, consultaram militares americanos sobre o caso. Durante as conversas, Gama e Matias ponderaram que problemas pontuais entre governantes dos dois países não deveriam ter o condão de afetar o histórico de cooperação no meio militar. A reação dos generais foi revelada pelo Estadão.
A revogação do visto de Tomás Ribeiro Paiva passou a ser discutida pelos Estados Unidos, como forma de sanção, com base na tese de que o general teria sido indicado ao posto por Alexandre de Moraes e garantiria respaldo da cúpula militar a decisões do ministro no STF.
O Departamento de Estado americano mapeou reuniões entre Moraes e o general Tomás.
A possível perda do visto é avaliada por Washington no âmbito de novo pacote de sanções, que inclui também integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.