O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), responsável por relatar o projeto de lei conhecido como PL da Dosimetria, comunicou à bancada do PT que a proposta incluirá o ex-presidente Jair Bolsonaro entre os beneficiários. Durante uma reunião nesta quarta-feira (24), Paulinho revelou que o texto, inicialmente focado em reduzir penas para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023, agora também abrangerá Bolsonaro, que cumpre pena de prisão domiciliar. “Eu informei ao PT que o PL da dosimetria incluirá o ex-presidente Bolsonaro”, disse o relator, segundo fontes presentes.
A decisão de estender a proposta a Bolsonaro foi tomada após pressões internas no Congresso e manifestações públicas. O PL da Dosimetria visa reduzir as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a diversos réus, incluindo aqueles que já estão detidos ou em fuga. Com a inclusão de Bolsonaro, a pena do ex-presidente, que soma mais de 27 anos, poderia ser substancialmente diminuída, embora ele ainda enfrentaria inelegibilidade por até dois anos. “A dosimetria é uma alternativa à anistia ampla, geral e irrestrita, que o PL defende, mas que encontra resistência no Congresso e no STF”, explicou Paulinho.
O encontro com o PT foi parte de uma série de reuniões que Paulinho está conduzindo para construir um consenso em torno do projeto. Apesar de o PT ter se posicionado historicamente contra qualquer medida que beneficie Bolsonaro, a bancada ouviu a proposta com atenção, buscando entender os impactos e as possibilidades de negociação. “Nós ouvimos o relator e vamos analisar o texto. Nossa posição é clara: defendemos a justiça e a democracia, e qualquer decisão será tomada com base nesses princípios”, afirmou um líder petista
A inclusão de Bolsonaro no PL da Dosimetria gerou reações mistas. Enquanto aliados do ex-presidente celebraram a notícia, críticos argumentaram que a medida poderia ser vista como uma forma de leniência com os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. “A dosimetria não é anistia, mas é um passo na direção certa para corrigir injustiças”, defendeu Paulinho, reiterando que o objetivo é encontrar um meio-termo entre as demandas dos envolvidos e a pressão popular.
O projeto ainda precisa passar por votação na Câmara dos Deputados e no Senado, onde enfrentará desafios significativos. No entanto, a sinalização de Paulinho da Força de que Bolsonaro será incluído no texto marca um novo capítulo na disputa pelo futuro dos perseguidos pelos eventos de 8 de janeiro, ampliando o debate sobre justiça, accountability e reconciliação nacional.