Por Moisés do Canal Pátria e Defesa exclusivo para o portal O Código 22
Em um cenário global marcado por conflitos indiretos, restrições econômicas e tensões entre potências, as palavras de um líder dos Bálcãs ressoam como um chamado à reflexão.
No dia 5 de outubro de 2025, Aleksandar Vučić, presidente da Sérvia, emitiu um pronunciamento que não deixa espaço para dúvidas: uma guerra mundial se aproxima, e a única incerteza é a formação das alianças.
“Não se trata de se isso acontecerá, mas de quem ficará do lado de quem”, afirmou ele, em entrevista veiculada pela emissora estatal RTS, com ecos em plataformas globais.Vučić, líder sérvio desde 2017 e hábil em equilibrar-se entre as potências do Leste e do Ocidente, fez sua declaração em um encontro com autoridades militares em Belgrado. Ele aponta para a Ucrânia e o Oriente Médio como epicentros do que descreve como “preâmbulos inevitáveis” de uma escalada de proporções globais.
Assista a fala do presidente da Sérvia:
“Vivemos o prelúdio de uma Terceira Guerra Mundial. As potências já se posicionam, e a Sérvia, como nação neutra, observa com preocupação”, disse ele, com base em dados objetivos: um aumento de 300% nas exportações de armamentos da Europa para regiões em conflito desde 2022, conforme relatórios do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI), e a presença de drones chineses em manobras conjuntas com a Rússia, noticiada pela Reuters recentemente.
O núcleo de sua mensagem concentra-se nas alianças que estão se cristalizando. Vučić descreve um mundo dividido em dois blocos principais: o “Bloco Ocidental”, liderado pelos Estados Unidos e pela OTAN, abrangendo cerca de 40 países com um PIB conjunto de US$ 50 trilhões; e o “Eixo Eurasiano”, guiado por Rússia, China e Irã, com aliados como Coreia do Norte e apoio potencial de nações na África e América Latina.
Assista a minha análise no Canal Pátria e Defesa:
“Basta um incidente – um bloqueio no Estreito de Taiwan ou uma escalada no Mar Negro – para que as linhas sejam traçadas”, alertou, citando simulações do Pentágono publicadas em setembro de 2025, que estimam um conflito em múltiplas frentes com 100 milhões de mortes iniciais. Com tom pragmático, ele reforça que a Sérvia manterá sua neutralidade histórica, como nas guerras mundiais anteriores, resistindo às pressões da OTAN.
O pronunciamento também lança luz sobre as Américas, com um questionamento direto sobre o posicionamento do Brasil. Sob o regime Lula da Silva, em seu terceiro mandato iniciado em 2023, o país busca se consolidar como uma “potência de equilíbrio”. Por um lado, o Brasil integra o BRICS, agora ampliado com a inclusão de Arábia Saudita e Irã, participa de encontros com líderes como Xi Jinping e Vladimir Putin, e exportou US$ 12 bilhões em commodities para a Rússia em 2024, segundo o Ministério da Economia. Por outro, mantém vínculos com os EUA por meio de acordos comerciais do Mercosul-UE e exercícios militares com a Colômbia, aliada da OTAN. Vučić observa indiretamente:
“Nações como o Brasil, ricas em recursos e população, serão cortejadas. Escolherão o Ocidente pela tecnologia e mercados, ou o Oriente pela soberania e multipolaridade? A resposta definirá o mapa da guerra.”Caso o conflito previsto por Vučić – projetado para 2026 ou 2027 com base em inteligência sérvia – se concretize, o Brasil enfrentará um dilema crítico.
Economicamente, 40% de suas exportações dependem da China e da Europa, mas um rompimento com o Ocidente poderia submetê-lo a sanções similares às aplicadas à Rússia. No campo militar, com 360 mil soldados e um orçamento de R$ 120 bilhões em 2025 (dados do SIPRI), o Brasil não é uma potência bélica, mas sua relevância na América do Sul o coloca como peça-chave: Venezuela e Bolívia tendem ao bloco russo-chinês, enquanto Argentina e Chile gravitam em torno de Washington.
Um estudo da RAND Corporation, de agosto de 2025, sugere que, se neutro, o Brasil poderia atuar como “corredor humanitário” para suprimentos globais; se alinhado ao BRICS, enfrentaria riscos de bloqueios navais no Atlântico Sul.Vučić conclui com um chamado objetivo à diplomacia:
“A história nos ensina que neutralidade salva vidas. Mas em um mundo de alianças rígidas, até os neutros serão testados.” Sua declaração se mantém nos fatos – tratados firmados, movimentações de tropas e pronunciamentos oficiais –, evitando especulações. Para o Brasil, o alerta sérvio reflete nossas próprias tensões internas. Como país que mediou a crise da Ucrânia em 2023 e se absteve em resoluções da ONU contra a Rússia, o Brasil está em uma posição ambígua.
O que determinará sua escolha? A cobiça internacional pelos recursos da Amazônia ou a defesa da soberania contra pressões externas?No Portal O Código 22, evitamos sensacionalismos e priorizamos os fatos para fomentar o diálogo. A fala de Vučić, em sua clareza, nos força a refletir: qual será nosso lado? Ou, mais importante, será possível não escolher? A resposta, como ele sugere, está nas decisões tomadas nas capitais – e no tempo que ainda temos.