Os Estados Unidos têm uma longa história de ações em eleições e governos estrangeiros, utilizando ferramentas como operações da CIA, pressões econômicas, sanções e ações militares para proteger interesses geopolíticos, combater o comunismo ou promover estabilidade alinhada aos seus objetivos.
Este artigo apresenta, ponto a ponto, as principais ações americanas em diversos países, destacando métodos, contextos e resultados. Inclui também o caso recente da pressão da administração Biden sobre Jair Bolsonaro nas eleições brasileiras de 2022, um exemplo destas ações .
1: Guiana Britânica (1953): Cheddi Jagan, chefe de governo eleito, era visto como pró-comunista durante a Guerra Fria.
Ação Americana: A CIA financiou greves e campanhas de desestabilização, apoiando opositores com propaganda.
Resultado: Jagan foi deposto, atrasando a independência da Guiana e instalando um governo pró-EUA.
2: Irã (1953): O primeiro-ministro Mohammad Mossadegh nacionalizou a indústria petrolífera, desafiando interesses ocidentais.
Ação Americana: A Operação Ajax, liderada pela CIA e pelo MI6 britânico, usou subornos, propaganda e apoio ao xá Mohammad Reza Pahlavi para um golpe.
Resultado: Mossadegh foi derrubado, o xá assumiu poder absoluto, pavimentando tensões que culminaram na Revolução Iraniana de 1979.
3: Guatemala (1954): Jacobo Árbenz implementou reformas agrárias que ameaçavam a United Fruit Company.
Ação Americana: A Operação PBSuccess da CIA envolveu treinamento de exilados, bombardeios e propaganda falsa sobre uma invasão soviética.
Resultado: Árbenz foi deposto, iniciando décadas de ditaduras e uma guerra civil com mais de 50 mil mortes.
4: Cuba (1961): Fidel Castro, após a Revolução Cubana, alinhou-se à União Soviética.
Ação Americana: A CIA organizou a Invasão da Baía dos Porcos, treinando exilados cubanos para derrubar Castro.
Resultado: O fracasso da invasão fortaleceu Castro e levou à Crise dos Mísseis de 1962.
5: República Dominicana (1961): O ditador Rafael Trujillo, antes aliado dos EUA, tornou-se instável.
Ação Americana: A CIA forneceu armas e inteligência para seu assassinato.
Resultado: O assassinato gerou um vácuo de poder, levando a nova intervenção em 1965.
6: Equador (1963): Presidentes reformistas implementaram políticas contrárias a interesses americanos.
Ação Americana: A CIA apoiou golpes militares com suporte logístico e financeiro.
Resultado: Governos autoritários assumiram, adiando reformas sociais.
7: Honduras (1963): O presidente Ramón Villeda Morales era tolerante com movimentos de esquerda.
Ação Americana: A CIA financiou um golpe militar para instalar um regime pró-EUA.
Resultado: Regimes autoritários dominaram até os anos 1980, com instabilidade regional.
8: Brasil (1964): João Goulart propôs reformas agrárias e trabalhistas, vistas como comunistas.
Ação Americana: A Operação Brother Sam incluiu apoio da CIA ao golpe militar, com força naval americana em espera.
Resultado: Goulart foi deposto, iniciando uma ditadura de 21 anos.
9: República Dominicana (1965): Temor de um governo pró-comunista após instabilidade política.
Ação Americana: A Operação Power Pack envolveu invasão por 22 mil marines.
Resultado: Instalação de um governo conservador, com críticas por violação de soberania.
10: Chile (1970–1973: Salvador Allende nacionalizou indústrias, como minas de cobre americanas.
Ação Americana: A CIA financiou opositores, greves e propaganda, culminando no golpe de Pinochet em 1973.
Resultado: Ditadura de Pinochet por 17 anos, com milhares de mortos e desaparecidos.
11: Bolívia (1971): Juan José Torres adotou políticas de esquerda.
Ação Americana: A CIA apoiou o golpe de Hugo Banzer com ajuda militar.
Resultado: Banzer integrou a Operação Condor, com repressão apoiada pelos EUA.
12: Argentina (197: Crise política sob Isabel Perón gerava temores de instabilidade de esquerda.
Ação Americana: Apoio tácito do Departamento de Estado ao golpe militar.
Resultado: A “Guerra Suja” matou ou desapareceu 30 mil pessoas.
13: El Salvador (final dos anos 1970): Reformas progressistas ameaçavam interesses conservadores.
Ação Americana: Apoio a uma junta militar que depôs o presidente.
Resultado: Guerra civil de 12 anos, com 65 mil mortes.
14: Nicarágua (1981–1990): O governo sandinista desafiava a influência americana.
Ação Americana: A CIA financiou os Contras, com o escândalo Irã-Contras expondo vendas ilegais de armas.
Resultado: Guerra civil com 30 mil mortes; sandinistas perderam em 1990.
15: Guatemala (1982–1983)Contexto: Continuação de instabilidade e reformas de esquerda.
Ação Americana: Apoio ao golpe de Efraín Ríos Montt com assistência militar.
Resultado: Regime brutal com genocídio indígena.
16: Granada (1983): Governo marxista aliado a Cuba preocupava os EUA.
Ação Americana: Invasão militar direta.
Resultado: Remoção do governo e eleições pró-EUA.
17: Panamá (1989): Manuel Noriega, ex-aliado da CIA, envolveu-se com narcotráfico.
Ação Americana: A Operação Just Cause envolveu invasão com 27 mil tropas.
Resultado: Noriega foi preso, mas com centenas de mortes civis.
18: Afeganistão (1979–1989, com impactos contínuos)Contexto: Apoio aos mujahideens contra a invasão soviética.
Ação Americana: Operação Cyclone forneceu US$ 3 bilhões em armas e treinamento.
Resultado: Retirada soviética, mas ascensão do Talibã e Al-Qaeda, levando à invasão americana de 2001.
19: Iraque (2003): Alegações de armas de destruição em massa sob Saddam Hussein.
Ação Americana: Invasão militar com 150 mil tropas, sob pretexto de “libertação”.
Resultado: Queda de Saddam, ascensão do ISIS e mais de 4 mil soldados americanos mortos.
20: Venezuela (2002): Hugo Chávez nacionalizou o petróleo, desafiando os EUA.
Ação Americana: Financiamento de opositores e reconhecimento rápido do governo golpista.
Resultado: Chávez retornou, intensificando tensões.
21: Haiti (2004)Contexto: Jean-Bertrand Aristide enfrentava oposição interna.
Ação Americana: Apoio a rebeldes que forçaram sua renúncia.
Resultado: Instabilidade prolongada no Haiti.
22: Honduras (2009): Manuel Zelaya propôs reformas que desagradavam elites.
Ação Americana: Treinamento militar e reconhecimento do governo golpista.
Resultado: Deposição de Zelaya e instabilidade contínua.
23: Brasil (2016): Dilma Rousseff enfrentava crise econômica e acusações de corrupção.
Ação Americana: Colaboração do Departamento de Justiça na Lava Jato e espionagem da NSA.
Resultado: Impeachment de Rousseff e ascensão de um governo alinhado aos EUA.
24: Venezuela (2019–2023)Contexto: Nicolás Maduro mantinha o poder em meio a crises.
Ação Americana: recimento de Juan Guaidó, sanções e operações da CIA.
Resultado: Maduro permaneceu no poder.
25: Brasil (2022): Jair Bolsonaro questionava o sistema eleitoral brasileiro
Ação Americana: A administração Biden, desde 2021, evitou cúpulas com Bolsonaro devido a divergências
Em julho de 2022, o diretor da CIA, William Burns, alertou autoridades brasileiras contra subversão eleitoral, ameaçando sanções.
O Departamento de Estado e a Defesa realizaram contatos com militares brasileiros, com o general Mark Milley dissuadindo o Exército de apoiar supostos planos de Bolsonaro.


















