Em um contexto de crescente tensão bilateral, os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, intensificaram os preparativos para ações militares diretas no México contra os cartéis de drogas, enquanto o país vizinho enfrenta uma onda de violência política e protestos sociais.
CONFIRA QUAIS SÃO OS 6 CARTÉIS QUE O GOVERNO TRUMP COMBATE NO MÉXICO:
De acordo com as designações recentes do Departamento de Estado dos EUA, em fevereiro de 2025, a administração de Donald Trump classificou 6 cartéis mexicanos como Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs) e Terroristas Globais Especialmente Designados (SDGTs), como parte de uma ordem executiva assinada em 20 de janeiro de 2025. Essa medida visa intensificar sanções e ações contra o narcotráfico, incluindo possíveis operações militares unilaterais no México, sob o pretexto de combater o fluxo de fentanil e a violência transfronteiriça.
Os cartéis mexicanos especificamente visados são:
1-Cartel de Sinaloa (Cártel de Sinaloa): Um dos maiores e mais antigos, controlado por famílias como os Chapitos (filhos de “El Chapo”), dominante no tráfico de fentanil e heroína para os EUA.
2-Cártel de Jalisco Nueva Generación (CJNG): Conhecido por sua brutalidade extrema, expansão rápida e uso de drones em combates, rival principal do Sinaloa.
3-Cártel del Noreste (CDN): Sucessor dos Los Zetas, ativo no nordeste do México, envolvido em sequestros e extorsões.
4-Cartel del Golfo (Cártel de Golfo ou CDG): Baseado em Tamaulipas, pioneiro no tráfico de cocaína e precursor dos Zetas.
5-La Nueva Familia Michoacana (LNFM): Grupo religioso-militar de Michoacán, focado em metanfetaminas e controle de limões e abacates.
6-Carteles Unidos (CU): Aliança de vários grupos menores em Michoacán, unidos contra o CJNG, envolvidos em extorsão agrícola e migração.
Essas designações, ao lado de gangues como MS-13 e Tren de Aragua, permitem ao governo Trump congelar ativos, proibir transações e justificar intervenções mais agressivas, embora o México, sob Claudia Sheinbaum, tenha rejeitado veementemente qualquer violação de soberania. Analistas alertam que isso pode escalar a violência, com mais de 26 mil homicídios no México em 2024.
Notícias divulgadas nesta semana revelam que o governo Trump planeja enviar tropas e oficiais de inteligência para território mexicano.
Paralelamente, o assassinato brutal de um prefeito em Michoacán expôs a fragilidade da segurança local, culminando em invasões a prédios públicos e manifestações furiosas contra o crime organizado e a ineficácia governamental.
PARALELO COM O BRASIL:
As ações narcoterroristas no México, como o assassinato brutal do prefeito Carlos Alberto Manzo Rodríguez em Uruapan, Michoacán, em 1º de novembro de 2025, durante celebrações públicas, e as subsequentes invasões a prédios governamentais e manifestações contra a ineficácia estatal, revelam uma estratégia de cartéis como o CJNG para desestabilizar instituições por meio de violência seletiva e controle territorial, com mais de 26 mil homicídios em 2024 e uma taxa de 23,3 por 100 mil habitantes, exacerbada pela produção de fentanil e disputas por rotas; no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, o fenômeno ecoa de forma semelhante, mas com ênfase em confrontos armados em favelas, como a Operação Contenção de 28 de outubro de 2025, que deixou pelo menos 119 mortos (incluindo 4 policiais) e 113 prisões contra o Comando Vermelho, envolvendo drones com bombas e tiroteios em áreas como Penha e Alemão, gerando protestos por execuções extrajudiciais e uma taxa nacional de homicídios de cerca de 27 por 100 mil, onde facções como PCC e CV inspiram-se em táticas mexicanas de decapitações e exibições midiáticas para impor terror, embora o Brasil foque mais em respostas policiais militarizadas e menos em assassinatos políticos diretos, destacando em ambos os países um ciclo de impunidade, militarização e erosão da soberania estatal impulsionado pelo tráfico transnacional.
A Ofensiva Americana: De Ameaças a Ações Concretas
Os EUA têm visto os cartéis mexicanos como uma ameaça existencial, especialmente devido ao fluxo de fentanil que alimenta a crise de opioides no país. Em fevereiro de 2025, o Departamento de Estado designou sete grupos criminosos, incluindo cinco cartéis mexicanos, como organizações terroristas estrangeiras, abrindo caminho para medidas mais agressivas.
Agora, relatórios indicam que a administração Trump iniciou o planejamento detalhado para uma “nova missão” que envolveria tropas no solo mexicano, atacando laboratórios de drogas e líderes de cartéis.
Fontes do governo americano descrevem isso como um “conflito armado” contra o narcotráfico, com operações sob o Comando Conjunto de Operações Especiais (JSOC), operando sob o Título 50 do Código dos EUA para ações de inteligência encobertas.
Embora não haja data para implantação iminente, o plano representa uma escalada significativa. Trump já autorizou mais de 15 ataques aéreos contra barcos de contrabando no Caribe e Pacífico, incluindo perto da costa mexicana.
A indicada para embaixadora nos EUA, Ronald Johnson, sugeriu em março que ações militares seriam consideradas se cidadãos americanos estivessem em risco.
Especialistas alertam que isso poderia violar a soberania mexicana, arriscando retaliações e complicando negociações comerciais, como as tarifas impostas em 2025 sob o USMCA (Acordo EUA-México-Canadá).
A resposta mexicana tem sido firme. A presidente Claudia Sheinbaum rejeitou qualquer “invasão”, afirmando em agosto: “Os Estados Unidos não vão vir ao México com seu exército. Cooperamos, colaboramos, mas não haverá invasão. Está fora de questão, absolutamente fora de questão.”
Ela enfatizou a soberania nacional, aceitando apenas ajuda em inteligência, mas não intervenção direta. Analistas preveem que ações unilaterais americanas poderiam fortalecer a retórica anti-EUA no México, legitimando cartéis como “protetores” locais e exacerbando a violência
O Assassinato do Prefeito: Um Símbolo da Guerra contra os Cartéis
A violência no México atingiu um novo patamar com o assassinato do prefeito de Uruapan, Carlos Alberto Manzo Rodríguez, na noite de 1º de novembro de 2025, durante as celebrações do Dia de los Muertos.
Manzo, de 40 anos e um dos poucos prefeitos independentes do país, foi alvejado sete vezes por um atirador não identificado em uma praça pública lotada, diante de milhares de pessoas. Ele morreu no hospital local, enquanto um guarda-costas e um membro do conselho municipal ficaram feridos.
O agressor foi morto no local, e dois outros suspeitos foram presos, mas as autoridades não descartam linhas de investigação, incluindo vingança de cartéis.
Manzo era conhecido por sua postura linha-dura contra o crime organizado. Prefeito de Uruapan — capital mundial do abacate, mas também epicentro de extorsões por cartéis —, ele denunciava publicamente as quadrilhas que aterrorizavam produtores de frutas e apelava nas redes sociais por ajuda federal da presidente Sheinbaum.
Em outubro, ele chegou a convocar residentes a pegarem em armas contra os traficantes.
Sua morte é a sétima de um prefeito em Michoacán desde 2022, seguindo o assassinato recente de Salvador Bastidas, prefeito de Tacámbaro, no mesmo estado.
Michoacán, um campo de batalha entre cartéis rivais pelo controle de rotas de drogas e agricultura ilícita, registrou dezenas de homicídios políticos este ano.
O caso reacendeu críticas à estratégia de segurança de Sheinbaum, que se recusa a alterar políticas apesar das pressões. “México é um país livre e soberano”, disse ela, rejeitando cooperação militar com os EUA e enfatizando investigações internas.
Invasão à Sede do Governo e Manifestações: A Fúria Popular
O enterro de Manzo, no dia 2 de novembro, transformou-se em um protesto massivo. Centenas de moradores de Uruapan, vestidos de preto e carregando fotos do prefeito, marcharam pelas ruas gritando “Justiça! Justiça! Fora Morena!” — referência ao partido governista de Sheinbaum.
A indignação culminou em uma invasão a um prédio governamental local, onde manifestantes depredaram instalações em sinal de protesto contra a inação federal.
Autoridades de Michoacán, incluindo o governador Alfredo Ramírez Bedolla, condenaram o ato, mas reconheceram a “fragilidade” da segurança.
Esses eventos se somam a uma série de manifestações recentes no México. Em março, cerca de 350 mil pessoas se reuniram na Cidade do México em um ato de “unidade nacional” contra ameaças de tarifas e intervenção militar dos EUA, convocado por Sheinbaum para demonstrar coesão.
Já em julho, protestos contra a gentrificação — impulsionada por turistas e trabalhadores remotos americanos — viraram violentos: manifestantes vandalizaram lojas em bairros como Roma e Condesa, com grafites como “Gringo, saia do México!” e “Mate um gringo”, levando a condenações por xenofobia da presidente.
Em setembro, marchas pelo 11º aniversário do desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa bloquearam vias na capital, com risco de vandalismo.
Essas mobilizações refletem um México dividido: entre o desejo de soberania e a exaustão com a violência. Enquanto os EUA pressionam por ações unilaterais, o país sulista busca equilibrar cooperação e independência. O assassinato de Manzo pode ser o estopim para mais confrontos, testando os limites da paciência popular e da diplomacia bilateral.


















