O Sudão, uma nação marcada por décadas de conflitos e instabilidade, enfrenta atualmente um dos capítulos mais sombrios de sua história recente. A milícia Força de Apoio Rápido (FAR), patrocinada pelos Emirados Árabes Unidos, tornou-se o epicentro de uma crise humanitária catastrófica, com acusações de genocídio e execuções em massa de civis inocentes. Este artigo explora os motivos por trás das ações da FAR, o momento em que o conflito eclodiu, os atores envolvidos no apoio à milícia e os objetivos que guiam suas operações.
O Início do Conflito
A guerra civil no Sudão começou em 15 de abril de 2023, quando tensões entre as Forças Armadas Sudanesas (FAS), lideradas pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e a FAR, comandada por Mohamed Hamdan Dagalo (Hemedti), escalaram para combates abertos em Cartum e outras regiões do país. Inicialmente, a FAR era uma força paramilitar criada pelo regime de Omar al-Bashir para combater insurgências em Darfur, mas sua transformação em um ator independente e poderoso marcou o início de um novo capítulo de violência. A rivalidade entre al-Burhan e Hemedti, exacerbada por disputas de poder e recursos, alimentou o conflito, que rapidamente se espalhou por todo o território sudanês.
Ações Terroristas da FAR
Recentemente, a FAR tem sido acusada de cometer atrocidades generalizadas, particularmente na cidade de El Fasher, capital de Darfur do Norte. Em outubro de 2025, após 500 dias de cerco, a FAR capturou El Fasher, resultando em um dos piores massacres da guerra. Relatos verificados indicam que mais de 2.000 civis foram mortos em apenas 48 horas, com execuções sumárias em hospitais, mercados e residências. Imagens de satélite e testemunhos de sobreviventes revelam valas comuns e cenas de destruição generalizada. A FAR, herdeira das milícias Janjaweed, tem sido consistentemente associada a políticas de violência étnica, com alvos predominantemente de grupos como os Fur, Masalit e Zaghawa.
Motivos e Objetivos
Os motivos da FAR são multifacetados. Primeiramente, a milícia busca consolidar seu poder político e militar no Sudão, visando substituir o governo central liderado pelas FAS. Hemedti, líder da FAR, tem ambições de se posicionar como um ator dominante na política sudanesa, possivelmente estabelecendo um “governo paralelo” em Darfur, como anunciado após a queda de El Fasher. Economicamente, a FAR controla rotas de contrabando e recursos naturais, como ouro, que financiam suas operações. Além disso, há uma dimensão étnica e tribal no conflito, com a FAR buscando dominar regiões onde grupos étnicos rivais são maioria, como parte de uma estratégia de intimidação e controle territorial.Os objetivos da FAR incluem não apenas a derrota das FAS, mas também a criação de um estado dentro do estado, onde suas regras prevaleçam. Isso é evidente na declaração de Hemedti de que “a guerra foi imposta” a eles, sugerindo uma narrativa de legitimidade para suas ações, apesar das acusações de crimes de guerra. A FAR também parece visar enviar uma mensagem de impunidade, como destacado por analistas, ao cometer atrocidades sem fear de consequências internacionais significativas.
Apoio Externo:
Os Emirados Árabes UnidosUm dos aspectos mais controversos do conflito é o apoio externo à FAR. Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são amplamente acusados de financiar e armar a milícia. Relatórios do Conselho Europeu de Relações Exteriores e denúncias do governo sudanês apontam que os EAU fornecem drones, armas, logística e financiamento à FAR como parte de uma estratégia geopolítica para influenciar o resultado do conflito. Os motivos dos EAU incluem interesses econômicos, como o controle de rotas comerciais e recursos naturais, e uma postura contra a influência de outros atores regionais, como o Egito, que apoia as FAS. Essa interferência externa agravou a crise, prolongando o sofrimento da população civil.
A Resposta Nacional e Internacional
Diante das ações da FAR, uma nova revolta nacional emergiu no Sudão. Grupos de resistência civil, milícias tribais e até facções das FAS que se opõem à liderança de al-Burhan estão se mobilizando para combater os “terroristas”, como descreve o post no X. Essa resposta reflete o desespero da população diante da escalada de violência. Internacionalmente, however, a resposta tem sido insuficiente. O Conselho de Segurança da ONU condenou as ações, mas sanções efetivas e intervenção humanitária permanecem limitadas. A comunidade internacional enfrenta desafios logísticos e políticos, enquanto acusações de apoio tácito a um ou outro lado do conflito persistem.
A milícia Força de Apoio Rápido, com o respaldo dos Emirados Árabes Unidos, transformou o Sudão em um campo de horror, onde civis são as principais vítimas. O conflito, que eclodiu em 2023, atingiu seu pico de brutalidade em 2025, com a queda de El Fasher marcando um ponto de não retorno. Os motivos da FAR – poder político, controle econômico e domínio étnico – alimentam uma guerra sem fim à vista. Enquanto uma revolta nacional tenta resistir, a falta de ação internacional permite que o genocídio continue. O Sudão clama por atenção global, mas o silêncio do mundo ecoa mais alto do que nunca.


















