A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta segunda-feira (17), o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, em uma operação para apurar suspeitas de crimes envolvendo a venda do Master para o Banco de Brasília (BRB). A ação cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão. Augusto Lima, sócio do Master, também foi preso na ação.
A operação foi batizada pela PF de Compliance Zero e detectou suspeitas da emissão de títulos de crédito falsos pelo Banco Master. Esses títulos teriam sido vendidos ao BRB e, após a fiscalização do Banco Central (BC), foram substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. São investigados crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, dentre outros.
A prisão ocorre horas depois de uma confusa e surpreendente operação de venda do Master ao desconhecido grupo Fictor. Foi unânime o descrédito que a Faria Lima olhou o negócio — inclusive pelos traços em comum que une ambos. Uma das possibilidades em jogo mais repetidas ontem, depois que o negócio foi anunciado, era a de que Daniel Vorcaro queria ganhar tempo. Como assim? Vorcaro teria entregue nas mãos do BC a avaliação da venda de um banco — e de um banco cheio de problemas. Ou seja, algo que demandaria tempo. Enquanto isso, o tempo passaria: Vorcaro já repetiu a mais de um interlocutor que a situação do Master no BC melhoraria muito a partir de 31 de dezembro, porque acabaria o mandato do diretor Renato Gomes, que ele considera a voz mais inflamada contra o seu banco na instituição. Só que não deu tempo. A PF chegou antes.
Saiba quem são os presos na operação contra o Banco Master
Seis pessoas foram presas durante a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (18/11), com o objetivo de desmontar um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo instituições financeiras do Sistema Financeiro Nacional, entre elas o Banco de Brasília (BRB).
Confira a identidade de cinco dos seis presos. São eles:
Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master
Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia
Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria
Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, que consta como um dos sócios do banco
Augusto Ferreira Lima, ex-CEO do Master
Além das prisões, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 12,2 bilhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo.
Dono do Banco Master tentou fugir para o exterior de jatinho
A Polícia Federal (PF) monitorou os passos do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, antes de deflagrar a operação desta terça-feira (18) para apurar crimes envolvendo a gestão do banco. Na véspera da operação, porém, os investigadores detectaram que Vorcaro organizava uma tentativa de fuga ao exterior por meio do Aeroporto de Guarulhos.
A suspeita dos policiais é de que a informação do mandado de prisão tinha sido vazada para o dono do banco e ele buscava escapar do cumprimento da ordem. Os investigadores, então, tiveram que antecipar o cumprimento da prisão de Vorcaro, antes mesmo de deflagrar a operação.
Na noite desta segunda (17), o dono do Banco Master tentou embarcar em um jatinho particular com destino ao exterior. Porém, foi interceptado pela Polícia Federal no aeroporto, onde recebeu a ordem de prisão, por volta das 22h.
Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. Na manhã desta terça, a PF deflagrou o restante da operação. Estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, dois de temporária e 25 mandados de busca e apreensão.
Outro alvo de prisão, Augusto Lima, sócio de Vorcaro no Master, também não foi encontrado em sua casa pela PF no momento da deflagração, mas foi preso pouco depois.
O Banco Central decretou nesta terça a liquidação extrajudicial do Banco Master, menos de um dia depois de o Grupo Fictor ter indicado o interesse em comprar a instituição.
Intervenção do BC no Master é a maior na história do sistema financeiro
A intervenção do Banco Central em instituições do conglomercado do Master é a maior já registrada na história do sistema financeiro nacional. O Banco Master SA, que é o lider do conglomerado, teve decretada a liquidação extrajudicial, enquanto o Master Múltiplo foi colocado em regime de administração especial temporária (Raet).
Ainda não está claro o que acontecerá com o Banco Master de Investimentos (BMI) e o Will Bank, que em tese não são abarcados imediatamente pelas ações do BC.
O Master ainda não divulgou seus resultados do primeiro semestre. Segundo o sistema IFData, do BC, em março o conglomerado tinha R$ 86,396 bilhões em ativos, R$ 83,182 bilhões em passivos e um patrimônio líquido de R$ 3,214 bilhões.
Dados do sistema IFData, do Banco Central, mostram que o Master tinha R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em março. Como a garantia do FGC se limita a R$ 250 mil por CPF/CNPJ, o volume que o fundo de fato pode ser obrigado a desembolsar deve ser menor.
Quando o acordo com o BRB foi anunciado, falava-se em cerca de R$ 50 bilhões – a operação foi rejeitada pelo Banco Central.
Em 30 anos de existência, o FGC honrou os depósitos de 40 instituições que quebraram. Em valores históricos, sem corrigir pela inflação, o maior desembolso foi para honrar os depósitos do Bamerindus, que custou ao fundo R$ 3,7 bilhões em 1997 – cerca de R$ 19,6 bilhões atualmente.
PF encontra R$ 1,6 milhão na casa de diretor do banco Master; VEJA FOTO

A Polícia Federal (PF) encontrou R$ 1,6 milhão na casa de um dos investigados em operação desta terça-feira (18) que mirou a venda de títulos de crédito falsos.
O investigado é o diretor do banco Master Augusto Ferreira Lima, ex-CEO — que teve a prisão decretada pela PF.
Além de Lima, outros três diretores do banco e o dono, Daniel Vorcaro, foram detidos. Vorcaro estava tentando fugir do país em um avião particular para Malta.


















