Em meio ao aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil, a administração de Donald Trump anunciou nesta quarta-feira novas restrições à exportação de chips avançados de inteligência artificial (IA) da Nvidia para o país, impondo efetivamente sanções que impedem a importação desses componentes.
A medida, justificada por preocupações com “segurança nacional e econômica”, afeta diretamente o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2029, podendo atrasar projetos de data centers e supercomputadores no Brasil.

Relatos em redes sociais e fontes do setor confirmam que compradores brasileiros estão recebendo notificações da Nvidia sobre a suspensão imediata das vendas, agravando o impacto das tarifas de 50% já aplicadas sobre produtos como aço e carne bovina.
A decisão ocorre no contexto de uma política de exportação de semicondutores dos EUA, estabelecida no final da gestão Biden e mantida por Trump, que classifica o Brasil no “Nível 2” de restrições: países com acesso moderado, mas sujeitos a licenças especiais e verificações rigorosas de segurança e direitos humanos. Apesar do otimismo inicial da Nvidia com o plano brasileiro de IA, as sanções agora buscam evitar o uso “inadequado” da tecnologia, citando riscos de desvio para fins militares ou violações de padrões americanos. Analistas consideram isso uma retaliação política à “perseguição” contra Jair Bolsonaro e à soberania digital brasileira, especialmente após críticas de Trump à regulação de big techs pelo STF.
Detalhes das Sanções e Motivações
1-Escopo da Medida: As restrições proíbem a exportação de chips como os da série H100, H20 e Blackwell (B200), usados em treinamento de modelos de IA. Elas se aplicam a importações diretas e indiretas, com exigência de licenças que, na prática, foram negadas para o Brasil. A Nvidia, maior fabricante mundial de GPUs para IA, notificou clientes brasileiros sobre a suspensão, citando “ordens governamentais”. Isso impacta empresas como o Serpro, a Embrapa e startups de IA, que dependem desses chips para data centers soberanos.
2-Contexto Político e Econômico: Trump invocou a Lei de Controle de Exportação de Armas (AECA) e o CHIPS and Science Act (2022, ampliado em 2025), que destinam US$ 280 bilhões para a indústria americana, mas restringem envios para nações “não confiáveis”. O Brasil, classificado como Nível 2 (ao lado de Índia e Israel), enfrenta barreiras moderadas, mas a escalada recente – após as tarifas de 50% sobre aço anunciadas hoje – elevou o escrutínio. O CEO da Nvidia, Jensen Huang, reuniu-se com Trump em agosto para discutir exportações, mas priorizou acordos com a China (pagando 15% da receita aos EUA). Para o Brasil, Huang expressou otimismo em junho, mas as sanções sinalizam uma mudança.
3-Razões Citadas pelos EUA: A Casa Branca alega que os chips poderiam ser usados em “infraestrutura crítica” sem salvaguardas, citando violações de direitos humanos e censura digital no Brasil. Isso ecoa acusações de Trump contra o STF e Alexandre de Moraes, com sanções sob a Lei Magnitsky já em vigor. No entanto, críticos como o diretor da Nvidia para América Latina, Marcio Aguiar, argumentam que as restrições enfraquecem a competitividade global dos EUA, impulsionando rivais chineses como Huawei e DeepSeek.
4-Impactos no BrasilO Brasil, que importa 90% de seus semicondutores (US$ 5 bilhões anuais, segundo o MDIC), depende da Nvidia para 70% dos chips de IA.
As sanções podem:
1-Atrasar Projetos Nacionais: O Plano de IA, lançado em junho de 2025, previa data centers em São Paulo e Rio com GPUs Nvidia. Agora, há risco de paralisação, com custo estimado de R$ 2-3 bilhões em perdas iniciais (FGV).
2-Empresas como a Totvs e a Positivo terão que migrar para alternativas chinesas, como chips da Huawei, elevando custos em 20-30%.
3-Efeitos Econômicos: Redução na inovação em IA, que poderia gerar R$ 1 trilhão no PIB até 2030 (McKinsey). O setor de tecnologia, que emprega 1,5 milhão, pode ver demissões de 50-100 mil vagas.
4-A carga tributária alta (até 60% em importações) já era um entrave; agora, com sanções, preços dobram.
5-Oportunidades e Riscos: O governo Lula negocia isenções via OMC e BRICS, priorizando soberania com parcerias chinesas. No entanto, Trump ameaçou tarifas adicionais de 25% sobre eletrônicos se houver retaliação. A Nvidia alertou que impostos altos no Brasil (II, IPI, ICMS) já dobram preços de equipamentos, e sanções agravam isso.