Por Fábio do Canal Fábio Ton
Que humilhação! Que desaforo descarado! Em meio ao maior assalto aos aposentados da história recente do Brasil, um dos chefes do esquema criminoso simplesmente decide não aparecer para prestar contas, e a CPMI do INSS, que deveria ser o bastião da verdade, cancela sua reunião como se fosse um churrasco de fim de semana. Estamos falando de Antônio Carlos Camilo, o infame “Careca do INSS”, preso há dias pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, e agora pode rir da cara da justiça. Isso não é impunidade; é um tapa na cara de milhões de idosos que suaram a vida inteira para merecer uma aposentadoria digna, só para verem seus benefícios serem roubados por bandidos de terno e gravata!
Vamos aos fatos que me deixam em fúria: a sessão marcada para esta segunda-feira (15), em Brasília, foi para o beleléu depois que a defesa de Camilo comunicou, com toda a pachorra, que ele não viria. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), não se conteve em uma nota de revolta:
“Perdemos a oportunidade de ouvir hoje um dos principais investigados no escândalo que desviou recursos dos aposentados. É lamentável, mas a comissão seguirá trabalhando para que a verdade venha à tona e os culpados sejam responsabilizados”.
Em 13 de Setembro o Senador Rogério Marinho falou do escândalo em suas redes socais e postou o vídeo abaixo, assista:

E tem razão! A CPMI havia aprovado a convocação obrigatória de Camilo – sim, obrigatória, com direito ao silêncio, mas presença inescapável –, após sua prisão na sexta (12), em uma fase avassaladora da operação policial. O STF, via ministro André Mendonça, havia sido acionado para autorizar a oitiva, e tudo indicava que o depoimento rolaria. Mas, no sábado (13), veio o golpe: Mendonça desobrigou a presença, e voilà, adeus sessão. Viana já anunciou recurso, mas quem acredita nessa enrolação judicial que protege os tubarões?
E como chegamos a esse circo? Um breve mergulho no abismo: a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025 pela PF e CGU, escancarou um esquema bilionário de fraudes que pilhou os benefícios do INSS entre 2019 e 2024. Associações e sindicatos de fachada, com Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) falsos, cadastravam aposentados e pensionistas sem autorização – assinaturas forjadas, dados roubados de servidores corruptos via propina. Descontavam mensalidades fictícias por “serviços” inexistentes, como suporte jurídico ou assistência social, valores irrisórios que passavam batido nos contracheques, mas que, somados, viraram um rombo colossal. Quanto foi roubado? Pelo menos R$ 6,3 bilhões, sendo 64% disso nos últimos dois anos, sob os holofotes do governo atual – um saque que atingiu 4,1 milhões de vítimas, segundo o INSS, com 97% dos entrevistados negando qualquer consentimento. O prejuízo? Não é só dinheiro: é fome adiada, remédios cortados, dignidade esmagada para quem já contribuiu décadas ao país. Bens de R$ 2,56 bilhões foram bloqueados de 12 entidades centrais, mas o ressarcimento via Meu INSS e 135 é uma gota no oceano de dor causada.
Agora, o que me deixa pasmos de indignação é isso: como, em nome de todos os diabos, alguém mergulhado até o pescoço nessa roubalheira – um intermediário que faturava com repasses a servidores, familiares e empresas fantasmas – pode simplesmente desistir de depor e sair ileso? A convocação era lei, a prisão recente gritava urgência, e o STF, que tanto se orgulha de combater “fake news”, aqui vira escudo para o crime! É seletividade pura: enquanto o povo geme com filas no INSS e benefícios minguados, os “Carecas” da vida dançam tango na impunidade. Essa CPMI, que deveria cuspir fogo, agora engaveta papéis e recorre a um Judiciário lento como lesma. Chega! Os aposentados merecem justiça veloz, não essa farsa que os trata como pessoas descartáveis. Acordem, senhores do Congresso e do STF – ou o Brasil inteiro vai cobrar essa dívida com juros compostos de revolta!
Editorial Escrito por Fábio do Canal Fábio Ton, exclusivo para o Portal O Código 22