Por Moisés do Canal Pátria e Defesa
Em um mundo onde as alianças geopolíticas oscilam como folhas ao vento, o presidente Donald Trump acaba de lançar uma declaração que ecoa como um trovão na diplomacia global. Na esteira de um encontro bilateral com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, às margens da Assembleia Geral da ONU – o grande palco anual onde as nações dissecam os males do planeta –, Trump não apenas revisou sua postura anterior, mas a inverteu de forma audaciosa. Onde antes ele pregava concessões de Kiev para selar a paz com Moscou, agora ele proclama uma crença inabalável na capacidade ucraniana de reconquistar cada centímetro de solo perdido para a Rússia, desde a Crimeia anexada em 2014 até as fronteiras orientais disputadas desde a invasão em larga escala de 2022.


Essa metamorfose não é mero capricho presidencial; é um sinal de que Washington, sob a bandeira de Trump, pode estar recalibrando sua estratégia para o conflito que molda o século XXI. Lembre-se: há apenas meses, o líder americano flertava com a ideia de um armistício rápido, sugerindo que a Ucrânia abrisse mão de territórios para evitar mais derramamento de sangue. Críticos, incluindo aliados europeus, viam nisso uma capitulação velada ao expansionismo russo, uma concessão que enfraqueceria a OTAN e incentivaria Vladimir Putin a avançar sobre outros vizinhos. Mas o Trump de hoje, em um post nas redes sociais logo após o tête-à-tête com Zelenskyy, adota um tom de otimismo marcial.
Caros Amigos, vejo nessa declaração não só uma vitória retórica para Zelenskyy – que, com sua resiliência estoica, tem navegado por mares de ceticismo ocidental –, mas um imperativo para a Europa e os EUA repensarem o compromisso com a defesa coletiva. A menção implícita ao papel da OTAN, embora não explicitada no texto curto do anúncio, paira no ar como uma promessa de reforço logístico e armamentista. Imagine: mísseis de longo alcance, drones avançados e inteligência compartilhada fluindo em maior volume para Kiev, transformando o que era uma guerra de atrito em uma ofensiva restauradora. Isso poderia galvanizar as tropas ucranianas, exaustas após três anos de resistência heróica, e enviar um recado inequívoco a Moscou: os limites da agressão russa não são negociáveis.
No entanto, essa guinada levanta questões espinhosas que merecem escrutínio. Será que Trump, o negociador incansável, está jogando xadrez de alto risco para forçar Putin à mesa de negociações em termos mais favoráveis a Kiev? Ou é uma jogada eleitoral interna, alinhada ao calendário de 2026, para reconquistar o eleitorado pró-Ucrânia que ele alienou com flertes isolacionistas? E o que dizer dos custos? Reconquistar todo o território – incluindo as minas terrestres, as cidades em ruínas e as populações traumatizadas – exigiria não só bilhões em ajuda militar, mas um investimento humano que os contribuintes americanos podem hesitar em endossar. Além disso, com a China observando de canto de olho, uma Ucrânia fortalecida poderia reequilibrar o tabuleiro global, mas também arriscar uma escalada que transcenda o Leste Europeu.
Do ponto de vista pessoal, aplaudo essa evolução como um sopro de ar fresco na política externa americana, que tanto precisa de visão além do curto prazo. Trump, outrora visto como um disruptor imprevisível, revela aqui uma faceta pragmática: reconhecer que ceder terreno a autocratas como Putin só os encoraja. Para a Ucrânia, é um farol de esperança em meio à escuridão; para o Ocidente, um chamado às armas – literal e figurativamente. Mas o verdadeiro teste virá nos meses à frente: promessas em posts de rede social são fáceis; orçamentos aprovados no Congresso e envios concretos de equipamentos são o que separa a retórica da realidade.
Que essa declaração marque o início de uma era onde a liberdade não se curva ao oportunismo. A Ucrânia não é apenas uma nação em luta; é o front de uma batalha maior pela ordem internacional. E se Trump acredita que ela pode vencer de volta tudo, talvez seja hora de todos nós apostarmos no mesmo tabuleiro. Afinal, em geopolítica, como na vida, a virada mais improvável muitas vezes é a que define o legado.
Editoria escrito por Moisés do Canal Pátria e Defesa exclusivo para o portal O Código 22