A Rússia enfrenta uma crescente escassez de alguns tipos de combustível devido aos ataques de drones ucranianos, que comprometeram o funcionamento das refinarias. Além disso, os elevados custos de financiamento dificultam que os postos de gasolina independentes mantenham estoques, segundo relatos de comerciantes e varejistas.
Um aumento estratégico nos ataques ucranianos às refinarias de petróleo russas fez os preços da gasolina na Rússia atingirem níveis recordes, apesar do governo ter banido as exportações de gasolina para lidar com a crise.
A Ucrânia está concentrando ataques com drones em refinarias, estações de bombeamento e trens de combustível na tentativa de prejudicar a máquina de guerra russa – mas também para atrapalhar a vida cotidiana na Rússia. O verão registra a maior demanda entre motoristas e fazendeiros russos por gasolina.
Drones ucranianos atingiram pelo menos dez importantes instalações de energia russas só neste mês
E a estratégia parece estar funcionando. As refinarias atingidas respondem por mais de 44 milhões de toneladas de produtos anuais – mais de 10% da capacidade da Rússia – segundo o serviço de inteligência ucraniano.
Entre os alvos está a gigante refinaria Lukoil em Volgograd, a maior do sul da Rússia. A CNN localizou clouds de fumaça saindo da planta, que foi atingida nas primeiras horas de 14 de agosto. O ministério da Defesa russo reconheceu os danos à fábrica, que foi atacada novamente em 19 de agosto.
Uma grande refinaria em Saratov, também no sul da Rússia, foi atacada no começo deste mês. E incêndios continuaram a queimar sábado em outra refinaria, na região de Rostov, mais de dois dias após o ataque, segundo Robert Brovdi, comandante dos Sistemas Não Tripulados da Ucrânia.

Os ataques diminuíram o refino de petróleo russo em quase 20% em alguns dias e impactaram as exportações em portos estratégicos, aproximando o país de uma possível redução na produção de petróleo.Embora a Rússia tenha um excedente considerável de diesel, a produção de gasolina atende apenas à demanda interna, tornando o país vulnerável a faltas quando as operações de refino são afetadas.Filas extensas ainda não são comuns nos postos, mas combustíveis populares, como as gasolinas Ai 92 e Ai 95, estão frequentemente em falta.
Falta de gasolina e preços mais altos
A escassez de combustível estão sendo relatadas em várias regiões russas e na Crimeia anexada. O governador nomeado pelo Kremlin, Sergey Aksyonov, atribuiu as escassezes a “problemas logísticos” e afirmou que o governo está “tomando todas as medidas possíveis para adquirir os volumes necessários de combustível e estabilizar os preços”.
Um ativista de um grupo pró-ucraniano na Crimeia, o Yellow Ribbon, disse no Telegram que o tipo de gasolina mais popular desapareceu, e que “a compreensão de que isso é resultado do bom trabalho dos drones na economia russa” não permite que ele fique triste.
Apesar dos subsídios governamentais, os consumidores russos estão pagando mais na bomba.
Os preços de gasolina no atacado na bolsa de São Petersburgo subiram quase 10% só neste mês, e cerca de 50% desde o começo do ano.
Grande parte desse aumento está sendo repassada aos consumidores, especialmente na região do extremo oriente russo. Analistas não esperam alívio por pelo menos um mês, mesmo com o governo russo tendo imposto um banimento às exportações de gasolina no final de julho – o que, por sua vez, contribuiu para um aumento nas exportações de petróleo cru.
“Infelizmente, nossa previsão é desfavorável por enquanto — provavelmente teremos que esperar pelo menos mais um mês para os preços caírem”, disse Sergey Frolov, sócio-gerente da NEFT Research, ao jornal russo Kommersant. A publicação afirmou que a alta nos preços neste mês “deve-se a acidentes em refinarias de petróleo”.
As forças militares estão menos afetadas porque sua demanda é principalmente por diesel, cujo abastecimento é menos impactado.