A Justiça dos Estados Unidos decidiu adiar o julgamento de Hugo Armando Carvajal-Barrios, ex-general e chefe da inteligência militar da Venezuela, de 29 de outubro para 19 de novembro de 2025. A alteração consta em despacho oficial assinado pelo juiz Alvin K. Hellerstein, da Corte do Distrito Sul de Nova York, conforme documento registrado no sistema judicial norte-americano em 17 de outubro.
A nova data turbina os indícios de que Carvajal, conhecido como “El Pollo”, esteja colaborando com as autoridades americanas em uma escala maior do que inicialmente divulgado. A expectativa é que ele forneça provas adicionais em troca de uma possível redução de pena.
Segundo o jornalista da ABC, David Alandete, o ex-chefe da inteligência está cooperando com as autoridades para evitar a pena máxima de prisão perpétua.

ENTENDA O CASO EL POLLO CARVAJAL :
Preso nos Estados Unidos desde sua extradição da Espanha em 2023, Carvajal se declarou culpado em audiência recente por quatro acusações ligadas ao narcotráfico e ao narcoterrorismo. Ele admitiu fazer parte do chamado Cartel de los Soles, organização criminosa infiltrada nas Forças Armadas venezuelanas e rotulada como grupo terrorista pelo governo norte-americano. Também reconheceu colaboração com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e participação no transporte de grandes carregamentos de cocaína destinados ao mercado da América do Norte.
Com a confissão, o tribunal abriu espaço para uma nova audiência, permitindo que Carvajal apresente informações complementares que possam contribuir para investigações em curso. A pena estimada de até 20 anos de prisão poderá ser reconsiderada caso sua cooperação seja considerada decisiva pelos promotores.
Além dos vínculos com o tráfico de drogas, Carvajal está fornecendo detalhes sobre o uso político de recursos da estatal petroleira PDVSA em operações de financiamento a partidos e lideranças de esquerda em diferentes países. Segundo reportagens publicadas pelos portais The Objective, da Espanha, e Infobae, da Argentina, ele afirma possuir documentos que comprovam os repasses internacionais.
Entre os beneficiários citados estão os ex-presidentes Néstor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fernando Lugo (Paraguai), Ollanta Humala (Peru), Manuel Zelaya (Honduras) e o atual presidente colombiano Gustavo Petro. Também foram mencionados o partido Podemos (Espanha), o Movimento 5 Estrelas (Itália) e o ideólogo italiano Gianroberto Casaleggio, que teria recebido 3,5 milhões de euros por meio de mala diplomática, com autorização de Nicolás Maduro e execução do então ministro do Interior, Tareck El Aissami.
A continuidade dessa colaboração pode ampliar o escopo do caso Carvajal e fortalecer investigações internacionais sobre conexões entre tráfico de drogas, corrupção e financiamento político transnacional.


















