Na manhã de quinta-feira, 28 de agosto de 2025, a Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público (MP), a Receita Federal e outras forças de segurança, deflagrou a Megaoperação Carbono Oculto, considerada a maior ação contra o crime organizado na história do Brasil. A operação visou desarticular um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis, liderado pelo PCC, com forte presença na Avenida Brigadeiro Faria Lima, o coração financeiro de São Paulo. A ação mobilizou cerca de 1.400 agentes e cumpriu 350 mandados de busca, apreensão e prisão em oito estados.
A operação, conduzida pela Polícia Federal (PF) e a Receita Federal, focou principalmente na execução de 200 a 350 mandados de busca e apreensão, resultando na coleta de documentos e computadores em empresas, corretoras, fundos de investimento e fintechs. Além disso, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ingressou com ações para bloquear mais de R$ 1 bilhão em bens, incluindo imóveis e veículos, mas isso se refere a medidas judiciais de bloqueio, não a apreensões físicas imediatas de carros.
Alvos da Operação
A operação atingiu 350 alvos, incluindo pessoas físicas e jurídicas. Entre as empresas e instituições financeiras investigadas estão:
1-Grupo Aster/Copape: Donos de usinas, distribuidoras e postos de combustíveis usados no esquema.
2-BK Bank: Fintech identificada como um “banco paralelo” que movimentou R$ 46 bilhões não rastreáveis.
3-Reag: Fundo de investimento utilizado para comprar empresas e blindar patrimônio.
4-Outras fintechs, corretoras e fundos de investimento localizados na Faria Lima, como Trustee DTVM e Banco Genial.
Pessoas físicas destacadas incluem:
1-Mohamad Hussein Mourad: Considerado o epicentro do esquema, ligado às empresas Aster e Copape.
2-Roberto Augusto Leme da Silva (“Beto Louco”): Operador central, associado ao mesmo grupo.
3-Marcelo Dias de Moraes: Presidente da Bankrow, envolvido na lavagem de dinheiro.
4-João Chaves Melchior: Ex-policial civil preso em Paulínia, suspeito de facilitar o esquema.
Estados Envolvidos
A operação foi realizada em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Em São Paulo, a Faria Lima concentrou 42 alvos, enquanto outras cidades, como Campinas e Paulínia, também foram foco de ações.
Prisões Realizadas
Até o momento, foram cumpridos cinco dos 14 mandados de prisão preventiva emitidos. Entre os presos está João Chaves Melchior, detido em Paulínia. No entanto, alguns alvos escaparam, levantando suspeitas de vazamento de informações, o que está sendo investigado pela PF. A operação também resultou na detenção de outras pessoas em diferentes estados, mas os nomes completos ainda não foram todos divulgados.
Esquema Criminoso
O esquema do PCC envolvia o controle da cadeia produtiva de combustíveis, desde a produção em fazendas de cana-de-açúcar até a distribuição e venda adulterada. Os principais pontos incluem:Produção e Adulteração: A facção produzia etanol e “batizava” gasolina com metanol importado irregularmente, via Porto de Paranaguá (PR), gerando lucros bilionários.
Lavagem de Dinheiro:
O dinheiro ilícito era reinvestido em fintechs, fundos de investimentos e propriedades, como usinas, postos e imóveis de luxo, totalizando R$ 30 bilhões em ativos.
Sonegação Fiscal:
Foram sonegados R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais, especialmente em São Paulo.
Uso de “Laranjas”:
Pessoas contratadas infiltravam-se em empresas para ocultar os verdadeiros beneficiários.
Fintechs como Banco Paralelo: A BK Bank e outras fintechs movimentaram R$ 46 bilhões sem rastreamento, dificultando a fiscalização.
Foram apreendidos os seguintes itens, conforme informações disponíveis:
- Documentos e Computadores: Em um dos prédios da Faria Lima, os policiais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão, confiscando documentos e equipamentos de informática em empresas, corretoras, fundos de investimento e fintechs. Esses materiais contêm evidências cruciais sobre as operações financeiras e a lavagem de dinheiro.
- Celulares e Equipamentos Eletrônicos: Embora não especificado em detalhes para todos os alvos, apreensões de dispositivos como celulares foram mencionadas em contextos semelhantes de operações recentes, sugerindo que esses itens também foram coletados para análise de comunicações e transações.
Impactos
O consumidor foi diretamente prejudicado ao abastecer com combustível adulterado, enquanto a economia formal sofreu com a concorrência desleal e a evasão fiscal. A operação revelou a sofisticação do PCC, que usou a Faria Lima para blindar seu patrimônio.
Impactos da Infiltração do PCC na Faria Lima
A infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no coração financeiro do Brasil, a Avenida Brigadeiro Faria Lima, expõe uma vulnerabilidade crítica na estrutura econômica nacional e tem implicações internas e externas profundas. Esta análise, elaborada do portal O Código 22, avalia o alcance desse fenômeno e seus desdobramentos.
Impactos Internos
1-Erosão da Confiança no Sistema Financeiro: A presença do PCC em fintechs e fundos de investimento na Faria Lima, movimentando R$ 46 bilhões sem rastreamento, mina a credibilidade de um dos maiores centros financeiros do país. Investidores e empresas podem hesitar em operar na região, temendo associação com atividades ilícitas.
2-Perda Econômica e Fiscal: A sonegação de R$ 7,6 bilhões reflete uma perda significativa para os cofres públicos, comprometendo investimentos em infraestrutura e serviços sociais. A adulteração de combustíveis também afeta a competitividade de empresas legítimas.
3-Segurança Pública e Social: A sofisticação do esquema, com ex-policiais e “laranjas” envolvidos, indica a corrosão das instituições de segurança e a penetração do crime organizado em esferas antes intocadas, aumentando a sensação de insegurança.
4-Desafios Regulatórios: A operação expõe falhas na supervisão de fintechs e fundos, exigindo reformas urgentes para evitar que instituições de pagamento sejam exploradas como “bancos paralelos”.
Impactos Externos
1-Imagem Internacional: A exposição de um esquema bilionário ligado ao PCC na Faria Lima pode prejudicar a percepção internacional do Brasil como destino seguro para investimentos, afetando acordos comerciais e a atratividade econômica.
2-Pressão Internacional: Países e organizações globais podem pressionar o Brasil por ações mais rigorosas contra o crime organizado, especialmente se o metanol importado irregularmente tiver origem estrangeira.
3-Risco de Sanções: A conexão com lavagem de dinheiro e tráfico internacional pode atrair atenção de agências como a OFAC (EUA), potencializando sanções contra empresas e indivíduos envolvidos.
Pesquisa sobre Operações Anteriores da Polícia Federal na Avenida Faria Lima
Não há registros específicos de operações anteriores da Polícia Federal (PF) na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, com foco semelhante ao da megaoperação relatada em 28 de agosto de 2025 contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Pesquisas em fontes web e posts em X indicam que a Faria Lima, como um dos principais centros financeiros do Brasil, já foi associada a investigações de crimes financeiros, lavagem de dinheiro e atividades ilícitas, mas a operação atual destaca-se como a primeira de tamanha escala e especificidade contra a infiltração do PCC nesse polo econômico. Postagens em X mencionam incidentes isolados, como assaltos e tiroteios na região, mas sem conexão direta com operações federais estruturadas contra organizações criminosas como o PCC. Assim, a megaoperação de 2025 parece ser um marco inédito nesse contexto.
Reflexão Crítica
A operação, batizada de Carbono Oculto, focou na desarticulação de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, mas os relatórios iniciais não detalham uma lista exaustiva de apreensões além dos documentos e computadores. É possível que outros itens, como registros financeiros físicos ou ativos relacionados às empresas investigadas, tenham sido confiscados, mas isso ainda não foi amplamente divulgado. A ausência de uma relação completa levanta questões sobre a transparência inicial da operação, sugerindo que mais informações podem ser reveladas conforme as investigações avançam.
Embora seja destacada a gravidade do esquema, vale questionar se a operação reflete uma resposta genuína às ameaças ou uma ação seletiva para desviar atenções de outras questões políticas e econômicas. A menção a vazamentos e a fuga de alvos sugere possíveis conivências internas, enquanto a escala da operação pode ser amplificada para justificar maior controle estatal sobre o setor financeiro. A infiltração do PCC na Faria Lima não é apenas um sintoma de criminalidade, mas um alerta sobre a fragilidade das barreiras entre economia formal e informal, exigindo uma revisão sistêmica que vá além de prisões e apreensões.
Essa crise reforça a necessidade de vigilância contínua e transparência, mas também levanta dúvidas sobre a eficácia das instituições em prevenir tais infiltrações no futuro. O Código 22 vai acompanhar de perto os desdobramentos, buscando evidências que corroboram ou contestam a narrativa oficial, para oferecer uma visão crítica e informada aos seus leitores.