Editorial: A Máscara Cai em Brasília – O Medo Disfarçado Atrás da Ironia
Enquanto os holofotes se voltam para o julgamento de Jair Bolsonaro e as tensões com os Estados Unidos, o tom debochado de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tenta encobrir uma inquietação que não conseguem mais disfarçar. Apesar de fingirem desdém pela possibilidade de sanções e pela pressão internacional – como a ameaça de derrubada de vistos –, a verdade é que, no fundo, eles tremem.
A gravidade do momento os atinge, e isso transparece em cada palavra mal contida durante as sessões. O caso mais recente veio à tona com a postura irônica do ministro Flávio Dino, que, em um tweet, zombou dos EUA com a frase “Tweet ou Mickey não mudarão o julgamento” – uma referência clara às pressões de Donald Trump e à influência americana.
“O Supremo está fazendo seu papel, aplicar a lei ao caso concreto. Nada além disso. Seria indesejável que alguém se intimidasse por ameaças ou sanções […] Eu me espanto alguém imaginar que alguém chega ao Supremo e vai se intimidar com tweet”, disse Dino.
“Esse é um julgamento absolutamente normal em relação aos critérios consagrados pelos legisladores, e o Supremo está fazendo o seu papel: aplicar a lei ao caso concreto. Seria indesejável que alguém se intimidasse por ameaças ou sanções. Será que as pessoas acreditam que um tuíte de um governo estrangeiro, vai mudar o julgamento no Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito, ou Mickey, vai mudar o julgamento no Supremo?” indagou.
“Nós estamos aqui fazendo o que nos cabe, cumprindo o nosso dever. Isso não é ativismo judicial, isso não é tirania, não é ditadura. Pelo contrário, é a afirmação da democracia que o Brasil construiu sob o pálio da Constituição de 88 ” afirmou Flávio Dino.
A declaração, publicada e repercutida no país inteiro, soa como uma tentativa desesperada de projetar segurança, mas esconde o receio de um desfecho que pode trazer consequências graves ao Brasil. Durante o julgamento, os ministros, incapazes de se controlar, deixam escapar citações e gestos que denunciam os sentimentos reprimidos sobre o que está por vir.
A ironia de Dino, longe de ser um sinal de força, reflete a fragilidade de um governo que sabe estar sob escrutínio global. As possíveis sanções econômicas e militares dos EUA, somadas à falas de Trump de uma perseguição política, uma verdadeira caça as bruxas, contra Bolsonaro, colocam o Brasil em um xeque delicado.
No entanto, em vez de enfrentar o problema de frente, opta-se por um jogo de aparências, como se ridicularizar a pressão externa pudesse apagar a realidade. Aqui no Código 22, acreditamos que esse teatro não engana ninguém. O país merece líderes que encarem as crises com maturidade, não com sarcasmos que mascaram o medo. O julgamento segue seu curso, mas o que está em jogo vai além de uma decisão judicial – é a imagem do Brasil no mundo e a capacidade de seus representantes de lidar com as consequências de suas escolhas.
Moisés do Canal Pátria e Defesa, Artigo Especial para o Portal O Código 22 – 09/09/2025